ORIENTE MÉDIO

EUA retiram funcionários no Oriente Médio após ameaça iraniana

A decisão acontece antes de uma nova rodada de conversas entre Irã e Estados Unidos sobre o programa nuclear de Teerã

Veículos blindados das Forças Antiterrorismo do Iraque são posicionados em frente ao prédio da embaixada dos EUA na Zona Verde de Bagdá, em 12 de junho de 2025  -  (crédito: AHMAD AL-RUBAYE/AFP)
Veículos blindados das Forças Antiterrorismo do Iraque são posicionados em frente ao prédio da embaixada dos EUA na Zona Verde de Bagdá, em 12 de junho de 2025 - (crédito: AHMAD AL-RUBAYE/AFP)

Os Estados Unidos anunciaram nesta quarta-feira (11/6) que estão retirando parte de seu pessoal do potencialmente "perigoso" Oriente Médio, depois que o Irã advertiu que atacará as bases americanas nessa região em caso de conflito com Washington.

A decisão acontece antes de uma nova rodada de conversas entre Irã e Estados Unidos sobre o programa nuclear de Teerã.

Desde que retornou ao poder em janeiro, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reativou sua campanha de "pressão máxima" em relação ao Irã, apoiando a diplomacia nuclear, mas alertando sobre uma ação militar caso ela falhe.

Se "um conflito nos for imposto, o outro lado, sem dúvida, sofrerá mais perdas do que nós", declarou o ministro da Defesa iraniano, Aziz Nasirzadeh.

"Suas bases estão a nosso alcance" e "os Estados Unidos devem deixar a região", acrescentou.

Trump confirmou na noite desta quarta o deslocamento do pessoal americano na região porque "poderia ser um lugar perigoso" nos próximos dias.

"Demos o aviso para que saíssem e vamos ver o que acontece", indicou o governante republicano.

Trump acrescentou que o Irã "não pode ter uma arma nuclear, é muito simples. Não vamos permitir".

Washington tem inúmeras bases militares próximas do Irã, a mais importante no Catar, onde está localizado o Comando Central do Exército americano no Oriente Médio (Centcom). 

Por sua vez, a agência de segurança marítima UKMTO, vinculada à Real Marinha britânica, publicou uma nota na qual adverte sobre o "aumento das tensões" no Oriente Médio, que poderia acarretar "uma escalada da atividade militar com impacto direto nos marinheiros".

Diálogo estagnado

Inimigos há mais de quatro décadas, Irã e Estados Unidos realizaram cinco rodadas de negociações desde abril, mediadas por Omã, na tentativa de concluir um acordo para impedir que Teerã adquira armas nucleares.

O Irã anunciou que a próxima rodada de negociações está marcada para domingo, enquanto Trump disse que essa reunião ocorrerá na quinta-feira. O mediador Omã não comentou.

"Estou muito menos confiante de que vamos concluir um acordo" com o Irã, disse Trump em um podcast do New York Post gravado na segunda-feira e publicado nesta quarta.

Irã e Estados Unidos buscam substituir o acordo de 2015 entre Teerã e o G5+1 (Estados Unidos, Rússia, China, Reino Unido e França, mais Alemanha), que estabeleceu restrições às atividades nucleares iranianas em troca de um alívio nas sanções econômicas.

As discussões atuais permanecem em um ime sobre a questão do enriquecimento de urânio pelo Irã.

Atualmente, a República Islâmica enriquece urânio a 60%, bem acima do limite de 3,67% do acordo de 2015 e próximo dos 90% necessários para produzir armas nucleares, de acordo com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).

O Irã nega ter objetivos militares e defende o seu direito a desenvolver um programa nuclear civil, principalmente para energia.

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postado em 12/06/2025 10:06 / atualizado em 12/06/2025 10:08
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