ARTES CÊNICAS

Musical revive paixão de Chatô pela comunicação e celebra 100 anos dos Diários Associados

Espetáculo 'Chatô e os Diários Associados', apresentado em duas sessões, na última quarta (11/6), emociona o público brasiliense

Estreia do espetáculo Chatô & os Diários em Brasília -  (crédito: Ed Alves/CB/D.A. Press)
Estreia do espetáculo Chatô & os Diários em Brasília - (crédito: Ed Alves/CB/D.A. Press)

É um misto de biografia pessoal com a história de um país que desfila pelo palco do espetáculo de Chatô e os Diários Associados — 100 Anos de Paixão, exibido em duas sessões, ontem, no Centro de Convenções Ulysses. De mãos dadas com Assis Chateaubriand, o público mergulha na trajetória do homem que olhou para o Brasil com uma perspectiva visionária. Vivido por Stepan Nercessian, Chatô afirma que é conhecido por muitas coisas, mas que queria mesmo é que as pessoas soubessem de sua paixão pela comunicação.

Fundador do Correio Braziliense, da Rádio Tupi, do grupo Diários Associados e da TV Tupi, a primeira televisão do Brasil, Chatô é também uma figura controversa e o musical dirigido por Tadeu Aguiar, com dramaturgia inspirada no livro Chatô: o rei do Brasil, de Fernando Morais, não foge da história. Logo no início, o personagem avisa que sabe muito bem que, quando se referem a ele, gostam de dizer que está disposto a tudo para conseguir o que quer. "Mas quero que conheçam minha verdadeira paixão", revela. "Eu quero mais. Eu quero o futuro."

Para essa viagem, Chatô conta com Fabiano, um jornalista resgatado do futuro ao qual é dada a missão de contar a história do magnata. Com um repertório de mais de 50 canções que narram a história da música brasileira e um elenco de 20 atores, dançarinos e cantores, o espetáculo tem momentos tocantes como a descoberta de artistas do nível de Dorival Caymmi, Cássio Gabus Mendes e Lolita Rodrigues, a cobertura de situações que mudaram o rumo do país, como a ditadura, a primeira transmissão de uma imagem televisiva no Brasil e a ginástica para conseguir transmitir a inauguração de Brasília. 

Para a produtora Valéria Macêdo, o espetáculo investe em uma leitura que tem como alvo dois públicos. "Tem aqueles que vão relembrar, que viveram parte disso e que têm alguma história com a TV Tupi como referência", diz. "E para o público mais novo, o espetáculo traz o entendimento de onde vem a comunicação, porque nessa era da internet é importante as pessoas saberem onde está a origem de tudo isso."

Maria de Moura Gonçalves, 65, foi assistir ao musical na tarde de ontem com o filho, Josuel Júnior. Ela lembra de, quando menina, assistiu às novelas da TV Tupi, a primeira a fazer teledramaturgia no Brasil. "Além disso, Chatô inaugurou a TV no país, mesmo quando ninguém tinha TV", conta Maria, ao se referir ao fato de que o magnata contrabandeou 200 aparelhos para realizar as primeiras transmissões. Josuel fez questão de assistir ao musical porque ele mesmo estudou a trajetória de Chatô ao trabalhar sobre teledramaturgia em uma monografia do curso de artes ciências.

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Milton Seligman, engenheiro, comenta que os Diários Associados e o legado de Assis Chateaubriand estiveram presentes em toda sua vida: desde o primeiro jornal que leu na vida, ainda no Rio Grande do Sul, ando pela primeira televisão, até se mudar para Brasília, nos anos 1970. "Eu não tenho como não olhar para esse personagem e ver como ele influenciou a vida de tanta gente como eu, que me criei lendo os jornais e vendo as televisões que ele iniciou e que ele fez", afirma. 

Para a fotógrafa Graça Seligman, Chateaubriand tem "legado histórico" e seria ainda maior do que foi nos tempos modernos. O musical foi uma forma de resgatar a história do personagem: "Muita novidade, muita coisa que eu realmente não lembrava ou desconhecia. Espetáculo belíssimo."

A visão é compartilhada pelo advogado Arnaldo Godoy, que conheceu a história de Assis Chateaubriand pelo livro que inspirou o espetáculo. "Eu achei a peça muito bem feita, muito bem pensada. Ela traz momentos diferentes da história do Brasil, com muita qualidade. Um musical de altíssimo nível", diz. Para ele, esta foi "uma das noites mais felizes de toda a minha vida."

Sueli Carneiro, que foi ao espetáculo na companhia de uma amiga, também conheceu a história deste personagem pelo livro. Um dos principais motivos para a ida ao espetáculo foi o ator Stepan Nercessian, que interpreta o personagem de Assis Chateaubriand: "Acompanho a carreira dele e o iro muito. O trabalho dele é fantástico". Ao fim do musical, Carneiro comentou que este é "imperdível".

  • Graça e Milton Seligman:
    Graça e Milton Seligman: "espetáculo belíssimo" João Pedro Carvalho
  • Sayda e Sueli Carneiro, no musical Chatô e os Diários Associados — 100 Anos de Paixão
    Sayda e Sueli Carneiro, no musical Chatô e os Diários Associados — 100 Anos de Paixão João Pedro Carvalho
  • Maria de Moura Gonçalves e o filho, Josuel Júnior
    Maria de Moura Gonçalves e o filho, Josuel Júnior João Pedro Carvalho
  • Graça e Milton Seligman
    Graça e Milton Seligman João Pedro Carvalho
  • Sayda e Sueli Carneiro
    Sayda e Sueli Carneiro João Pedro Carvalho
  • Maria de Moura Gonçalves e o filho, Josuel Júnior, no musical Chatô e os Diários Associados — 100 Anos de Paixão
    Maria de Moura Gonçalves e o filho, Josuel Júnior, no musical Chatô e os Diários Associados — 100 Anos de Paixão João Pedro Carvalho
  • Estreia do espetáculo Chatô & os Diários em Brasília
    Estreia do espetáculo Chatô & os Diários em Brasília Ed Alves/CB/D.A. Press
  • Stepan Nercessian em Chatô e os Diários Associados: biografia que envolve a história do Brasil
    Stepan Nercessian em Chatô e os Diários Associados: biografia que envolve a história do Brasil Ed Alves/CB/D.A. Press

*Estagiárias sob a supervisão de Nahima Maciel

 


BL
JC
postado em 12/06/2025 06:00
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